Chögyam Trungpa
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Chögyam Trungpa
terça-feira, 19 de junho de 2007
Otto
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Pula a fogueira...
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Catira na Catraca
Já comentei algumas vezes que gosto de andar de ônibus pela capital paulista.
Claro que fora do horário de rush. Transporte coletivo é um problema que, às vezes, parece crônico, espero que não seja.
Mas, fora do horário de pico, eu gosto. Já li vários livros em ônibus.
Só para você saber: terminei, uma vez, Cem anos de solidão no busão!
Depois terminei em casa de novo.
Mas terminar um livro, levantar a cabeçar e olhar a caótica metrópole passando pela janela...me dá uma sensação que nem vou tentar explicar.
Mas outras experiências são possíveis.
Vai daí que estava num bumba esses dias e o cobrador me chamou a atenção.
Já um senhor, na casa dos 60 anos.
Bigode hirsuto e branco, costeletas até o meio da bochecha, bem tratadas, cabelos ondulados, penteados para trás, flocados como paina.Não usava uniforme, vestia uma camisa xadrez, em tons de vermelho e azul.Faltava um lenço, só um lenço encarnado para completar o quadro.
Ele parecia um personagem saído da minha infância, direto de uma festa, direto de um grupo de catira para aquela catraca!
E, de repente, ele abre a boca:
“Pessoar, favor, ói: só passa o cartão na hora qui ocêis fô ´travessa a catraca! Sinão despoi ela trava e dá pobrema pra nói! Quem vai pras Crínica dece no próximo!”
Genial! Ele saiu da roça, mas a roça não saiu dele!
Cheguei a ouvir: Trá-tá-tá-tá- tátá – Clap-Clap- Clap-Clap-ClapClap-trá!
E, claro, um repique de viola ficou soando em meu ouvido, até a hora do Angelus.
Vaca Zen
Ps.A foto lá em cima é de autoria de Reinaldo Meneguim, e os catireiros são do Grupo de Catira Garulhense
sexta-feira, 1 de junho de 2007
A periferia, o frio, as cores.
Estive na periferia essa semana.
Extremo da Zona Leste, extremo da Zona Sul.
Às vezes falo de periferia e amigos falam de Freguesia do Ò, Vila Sônia, Tatuapé.
Isso, caros, não é periferia.
Periferia é Periferia, como diz o rap.
Reconheci mais um ponto de contato nas periferias, nessa visita feita.
Zona Sul e Zona Leste se parecem no que contarei a seguir
O inverno já se faz presente, e forte, nesses dias.
As ruas lotadas de caminhantes me mostrou a tendência da moda de décadas atrás.
Sim, porque fica claro que, nessa época do ano, os armários são remexidos e, de lá, saem peças de roupas esquecidas nas gavetas.
Então, lá vem um senhor de cachecol verde, pulôver vinho, camisa verde por baixo, jaqueta lilás por cima.
Crianças com gorros furtacor, luvas bicolores, duas camisetas sobrepostas, vermelha uma, azul a outra.
Mulheres com calças de veludo cotelê beges, malhas de lã cítricas,cachecóis multicoloridos que vão até os joelhos, jaquetas de nylon vermelhas com detalhes em amarelo.
A periferia explode em cores, há uma alegria velada no ar.
O inverno transforma os pobres em arco-íris.
Vaca Zen
terça-feira, 29 de maio de 2007
Para encontrar o Segredo, suba a Montanha mágica
Bom, aí as coisas começam a ter um tom de deja vu. Isso foi moda nos anos 60, 70 e 80. Volta agora com nova roupagem... Portanto, não é nenhum “segredo”...
O mais incrível é que os produtores do filme e do livro, que já alcança o topo das listas dos mais vendidos, prometem revelar a quem consumir esse precioso produto da indústria cultural, nada menos que o “segredo da vida”! Uau! Milênios atrás disso e já é possível acessá-lo com um clic?!?!? Mas os produtores não se contentam só com isso. Prometem uma nova era para a Humanidade a partir do seu produto altamente vendável. Acho que nem a Igreja Católica se arrogou a tanto quando, em seus primórdios, escolheu os livros que comporiam o Novo Testamento...
Bom, a questão é: para os autores e os 25 professores entrevistados para o livro e o vídeo, tudo se dá no que eles entendem por centro do ser: o ego. Tanto que os desejos estão centrados neles: se quer um carro, atraia-o (recomendo olhar antes para os dois lados da rua antes de fazer o pedido...), se quer paz de espírito atraia-a (como se ela fosse um fator externo!), e por aí vai.
Contra tanto egocentrismo indico um banho de arquétipos da Alma ministrado em imagens poderosas: o filme A montanha mágica, que Alejandro Jodorowski, um chileno que viveu no México e hoje mora em Paris, fez em 1973. O filme é isso: uma enxurrada de imagens que, enfeixadas, mostram o caminho percorrido pela alma até a tridimensionalidade, ou seja, até essa nossa existência “real”. Jodorowski faz o caminho inverso: para ele não se deve buscar a iluminação, mas entender que já somos iluminados ao ter ganhado o direito à vida. No entanto, é preciso entender o caminho da alma até aqui para podermos viver de verdade. Sem essa de atração: temos que espalhar a vida. Ritualisticamente. É esse o cume da montanha sagrada.
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Vou contar um segredo:
terça-feira, 22 de maio de 2007
Impermanência
Esse sentido de impermanência é básico no budismo, a idéia de que nada do que vemos ao redor estará aqui para sempre. Nem o sol, nem as estrelas (essas talvez nem estejam nesse exato instante, pois só vemos seu brilho, que viajou milênios até aqui chegar), nem as montanhas. Muito menos nós. Muito menos a condição em que nos encontramos. É interessante pensar na impermanência e nessa história quando vemos pessoas, amigos até, encantados soberbamente com suas condições, cargos, vantagens, etc. Como ouvi um filósofo dizer: passam anos construindo a escada e quando chegam ao topo, substituem-na pela ilusão de que sempre estiveram lá. Assim, a pessoa, mesmo que se ferre, irá sempre se deixar levar pela ilusão de que seu “eu” triunfou sobre as circunstâncias. Até que, como no poema de Drummond, o elefante se desfaz. “A cola se dissolve/e todo o seu conteúdo/de perdão, de carícia,/de pluma, de algodão,/jorra sobre o tapete,/qual mito desmontado.” Tudo bem. Isso vai passar.
Smokey
(se clicar na imagem acima ela vai ser ampliada...)
terça-feira, 15 de maio de 2007
Sobre o medo
Repentinamente uma forte ventania tomou conta da mata.
Fiquei observando a movimentação das árvores e vi uma borboleta, muito grande, esforçando-se para manter seu vôo, tomada por aquela lufada de vento inesperada.
Acredito ter ouvido um: Me ajude!
Fiquei acompanhando a dificuldade no controle de suas asas, mas, a dez metros de onde eu estava, ela fez uma manobra inacreditavelmente graciosa e pousou numa área repleta de marias-sem-vergonha e, calmamente, seguiu seus instintos, alimentando-se e polinizando as flores.
Mas acredito ter ouvido um: Ufa!
Increíble!!
Talvez por estar com o cérebro altamente oxigenado, fruto da caminhada, fiz uma baita digressão, olhando, agora, para uma nuvem ovelhesca que passava sobre um fundo azulejado.
Pensei que, inúmeras vezes, quando estamos decididos a realizar algo (no caso da borboleta, ir até as flores) somos pegos de surpresa por uma série de problemas inesperados (no caso da borboleta, o vento) e acometidos de um medo inquietante.
No entanto, se soubermos administrar o tal do medo, tirando partido dele, nossa meta pode se acessada sem grandes traumas.
No caso da borboleta, ela chegou, certamente, mais rápido ao seu destino, usando aquela ventania em seu benefício.
Não acredito que o medo seja ruim. Ele nos deixa mais alertas, faz com que analisemos as situações mais apuradamente, ajudando-nos a conhecer os riscos e evitar o erro.
O medo só é ruim quando é paralisante.
O popular cagaço.
Quando deslocamos o medo para nossa área de conforto e tratamos de transformá-lo em justificativa de inação, em nome da segurança, aí é chato, também, né?
O tratamos como um cãozinho, alimentamos o medinho, damos carinho para o medinho e falamos: “Um dia você vai ser um cãozarrão, e ficaremos juntinhos aqui, na nossa segurança” Qui fófi!!!
Administrar o medo.
Compreender o medo.
Tirar proveito do dito.
Olhei novamente para as flores e a borboleta já tinha ido.
Era hora de voltar, mesmo.
Dando uma olhada final no entorno, pensei:
_ Belo lugar pra fazer uma casinha branca...
Vaca Zen
quinta-feira, 10 de maio de 2007
Expertise em esperteza
sexta-feira, 4 de maio de 2007
A dívida do Papa Ratzinger com o Brasil
Mas um outro nome ficou na minha memória: Ratzinger, um dos algozes de Boff quando este foi chamado ao Vaticano para um tribunal que condenou a sua Teologia da Libertação – que defendia uma Igreja voltada aos pobres, o que foi confundido com marxismo – e acabou tirando do teólogo o direito de pregar. Boff foi ao tribunal bem acompanhado, com os cardeais Dom Ivo Lorscheiter e Dom Paulo Evaristo Arns, o que irritou Ratzinger. Depois, o réu foi conduzido à sala dos inquiridos e sentou-se na mesma cadeira que Galileu Galilei. O mais interessante da longa entrevista que Boff concedeu à Caros Amigos está no seguinte trecho:
“Então aí se discutiu sobre Teologia da Libertação. E a insistência de nossos dois cardeais era que se fizesse um documento nas Igrejas onde se vive uma prática de Teologia da Libertação, com pobres, comunidades – dom Paulo disse ao Ratzinger: ‘Se o senhor quiser, eu preparo tudo
Mais adiante Boff ainda afirma que Ratzinger “de vez em quando se encontra com grandes industriais alemães, passa o dia junto, eles têm subsidiado enormemente as causas da Igreja contra a Teologia da Libertação, que vêem aliada ao marxismo, processo de instabilidade social, e os governos entraram, os próprios Estados Unidos, com aquele famoso texto da Carta de Santa Fé, que diz que a Teologia da Libertação é um risco para a segurança dos Estados Unidos por ser um fator de desestabilização na América Latina”. (Leia o que pensa Boff hoje sobre a visita de Ratzinger)
quinta-feira, 26 de abril de 2007
Pôr-do-sol, esportes radicais e gravatas
Aliás, porque os bancos são os primeiros a vestir a fantasia da responsabilidade sócio-ambiental? Todos eles querem mostrar que são “humanos” e “sustentáveis”, apesar de lucrarem com sua taxas exorbitantes. Não estão fazendo o mesmo que a indústria tabagista ao basear sua publicidade nos esportes radicais? Pois é, repito. Descaminhos que teremos de mapear nos próximos dez anos, enquanto o aquecimento global for nos torrando os neurônios.
Em tempo: Imagino que a primeira vítima da moda com o aquecimento global será a gravata, esse trapo de pano inventado por Luís XIV ao apreciar os lenços atados nos pescoços de uns mercenários croatas, cuja estupidez o ser humano jamais notou de fato!
Em tempo 2: Prometo não falar em Al Gore nos próximos posts. Já sobre o aquecimento global, nada prometo.