terça-feira, 15 de maio de 2007

Sobre o medo

Depois de fazer uma trilha morro acima, parei e sentei em um gramado, para curtir meu ócio criativo (salve, Domenico!) e olhar a paisagem.
Repentinamente uma forte ventania tomou conta da mata.
Fiquei observando a movimentação das árvores e vi uma borboleta, muito grande, esforçando-se para manter seu vôo, tomada por aquela lufada de vento inesperada.
Acredito ter ouvido um: Me ajude!

Fiquei acompanhando a dificuldade no controle de suas asas, mas, a dez metros de onde eu estava, ela fez uma manobra inacreditavelmente graciosa e pousou numa área repleta de marias-sem-vergonha e, calmamente, seguiu seus instintos, alimentando-se e polinizando as flores.
Mas acredito ter ouvido um: Ufa!

Increíble!!

Talvez por estar com o cérebro altamente oxigenado, fruto da caminhada, fiz uma baita digressão, olhando, agora, para uma nuvem ovelhesca que passava sobre um fundo azulejado.

Pensei que, inúmeras vezes, quando estamos decididos a realizar algo (no caso da borboleta, ir até as flores) somos pegos de surpresa por uma série de problemas inesperados (no caso da borboleta, o vento) e acometidos de um medo inquietante.
No entanto, se soubermos administrar o tal do medo, tirando partido dele, nossa meta pode se acessada sem grandes traumas.
No caso da borboleta, ela chegou, certamente, mais rápido ao seu destino, usando aquela ventania em seu benefício.

Não acredito que o medo seja ruim. Ele nos deixa mais alertas, faz com que analisemos as situações mais apuradamente, ajudando-nos a conhecer os riscos e evitar o erro.

O medo só é ruim quando é paralisante.
O popular cagaço.

Quando deslocamos o medo para nossa área de conforto e tratamos de transformá-lo em justificativa de inação, em nome da segurança, aí é chato, também, né?
O tratamos como um cãozinho, alimentamos o medinho, damos carinho para o medinho e falamos: “Um dia você vai ser um cãozarrão, e ficaremos juntinhos aqui, na nossa segurança” Qui fófi!!!

Administrar o medo.
Compreender o medo.
Tirar proveito do dito.

Olhei novamente para as flores e a borboleta já tinha ido.
Era hora de voltar, mesmo.

Dando uma olhada final no entorno, pensei:

_ Belo lugar pra fazer uma casinha branca...

Vaca Zen

5 comentários:

Silvia Regina Angerami Rodrigues disse...

Nossa, adorei!!

Anônimo disse...

Li este texto em outro lugar.

Engraçado entrar aqui e ler o mesmo texto de um determinado período, que se repete agora.

Confuso... Coisa de quem está com medo.

Saludos.

Anônimo disse...

Poivrier, é só uma constatação que a vida é cíclica, e tudo vem e vai.

Por ter você por perto!
Besote

René disse...

Eu adoro caminhadas em montanhas. Experimente a Pedra do Baú, em São Bento de Sapucaí http://www.camposdojordao.com/id_pedr3.html. Apesar de todo mundo falar que fica em Campos de Jordão, é mentira. Ela fica em São Bento de Sapucaí, que é próximo a Campos de Jordão. E também perto de Santo Antônio do Pinhal, onde fica o Pico Agudo, onde muitos saltam de asa delta, de cima desse pico. É fantástico, são 340 metros de subida na rocha e você não precisa de cordas, nem sequer curso de alpinismo, pois tem escadas. Eu já subi 11 vezes, todas as vezes com amigos, e nunca houve acidentes. A paisagem é linda, lá de cima vc vê o Rio, Minas e São Paulo, pois fica bem no triângulo. Sempre descarrego minhas energias negativas lá. É muito bom.

Anônimo disse...

O medo eh o NAO da vida, apesar de ter sido ele que fez o Homem evoluir, foi o medo que fez nossos ancestrais se unirem em sociedade, deu ensejo aa solidariedade.

O medo diz: nao tenha prazer, nao se de outra chance, nao confie, nao se arrisque, nao tente, nao se entregue, nao ame, nao acredite, nao abra a guarda, nao de vazao a sentimentos, a intensidades, nao ouse!
NAO!

Ou voce poderah sofrer.

Permanecer em uma zona de conforto te escuda, te protege, te dah a impressao de seguranca. E quanto mais tempo de vida aqui na Terra vc terah eh incerto. Incerto. Incerto...

Incertos sao os resultados, caso resolva enfrentar os medos, respirar mais e com medo, mas respirar. O medo nao deveria paralisar, deveria ser mobilizador, adrenalina, como antanhos.

Permanecer em uma zona de conforto pode nao ser satisfatorio, mas tambem nao ha riscos.

E quem nao sente medo? Diversos, dos mais corriqueiros aos mais ininteligiveis e incompreensiveis?

Com ou sem medo as demandas da vida seguem.

Entregar-se ao medo eh algo como

NAO VIVA E VOCE NAO MORRERAH