quinta-feira, 7 de junho de 2007

Catira na Catraca




Já comentei algumas vezes que gosto de andar de ônibus pela capital paulista.
Claro que fora do horário de rush. Transporte coletivo é um problema que, às vezes, parece crônico, espero que não seja.

Mas, fora do horário de pico, eu gosto. Já li vários livros em ônibus.
Só para você saber: terminei, uma vez, Cem anos de solidão no busão!
Depois terminei em casa de novo.
Mas terminar um livro, levantar a cabeçar e olhar a caótica metrópole passando pela janela...me dá uma sensação que nem vou tentar explicar.

Mas outras experiências são possíveis.

Vai daí que estava num bumba esses dias e o cobrador me chamou a atenção.
Já um senhor, na casa dos 60 anos.
Bigode hirsuto e branco, costeletas até o meio da bochecha, bem tratadas, cabelos ondulados, penteados para trás, flocados como paina.Não usava uniforme, vestia uma camisa xadrez, em tons de vermelho e azul.Faltava um lenço, só um lenço encarnado para completar o quadro.

Ele parecia um personagem saído da minha infância, direto de uma festa, direto de um grupo de catira para aquela catraca!

E, de repente, ele abre a boca:
“Pessoar, favor, ói: só passa o cartão na hora qui ocêis fô ´travessa a catraca! Sinão despoi ela trava e dá pobrema pra nói! Quem vai pras Crínica dece no próximo!”

Genial! Ele saiu da roça, mas a roça não saiu dele!

E fui transportado para lá, para minha origem também, em um meio de tarde, direto da av. Rebouças!

Cheguei a ouvir: Trá-tá-tá-tá- tátá – Clap-Clap- Clap-Clap-ClapClap-trá!

E, claro, um repique de viola ficou soando em meu ouvido, até a hora do Angelus.

Vaca Zen

Ps.A foto lá em cima é de autoria de Reinaldo Meneguim, e os catireiros são do Grupo de Catira Garulhense

3 comentários:

Silvia Regina Angerami Rodrigues disse...

que post mais "Chico Bento"!! rsrsrs

Anônimo disse...

Penso que o transporte público é um problema crônico. Muitas vezes é humilhante a forma com que consiguimos entrar no metrô, no trem, no ônibus... Sair então...

Mas voltando ao teu post, gosto desta tua poesia cotidiana Zen.

Saudações.

Anônimo disse...

"consiguimos" é bom